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Geração Perdida de Minas Gerais
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Perdida

by Paola Rodrigues

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1.
Essa é minha casa minha casa é assim: uma janela minha casa é suja, barulhenta pequena por dentro, mas lá fora é só azul é por isso que eu não paro em casa eu não tenho outra casa pra voltar eu sou sozinha eu sei que no fundo todo mundo é, mas não me fizeram nem uma ilusão minha casa sou eu minha casa é escura e eu ando tateando as paredes, o chão acho que é por isso que na casa dos outros eu não paro de tropeçar é uma claridade que me cega toda casa que eu vou eu me pego tateando os móveis pra ver se me reconheço mas é quando eu sinto as rachaduras que eu sei onde é que eu tô minha casa sou eu
2.
Vida Lúcida 03:05
Assim como ninguém explicou o início As ondas continuam a chegar na costa Tudo corre sempre em direção ao fim Os copos caem e as cidades se amontoam em nossas costas Amar o perdido deixa confundido este coração Ainda que os dias continuem a nascer Os ônibus andem, os outros durmam Meus pés tropeçam em suas pernas E eu calo a boca ao seu lado Nada pode o ouvido contra o sem sentido apelo do não E por que é que não estamos satisfeitos? Ou por que é que tentamos não estar simplesmente bem com o que é perfeito? E duvidamos de uma vida lúcida Depois de alguns cortes encontro vocês, meus amigos Que também são vidro, cortam e quebram Tudo por ter duvidado de que não seria assim tão trágico Mas bom E volto a sentir areia nos meus pés As coisas tangíveis tornam-se insensíveis à palma da mão Duvidei e talvez ainda duvide De que tudo isso tenha como acabar bem E de tantas outras coisas que hoje são tão bobas E talvez um dia eu ria de tanto duvidar De que a vida pode ser grande, com vocês Em geral a gente tenta não deixar manchas Nem gritar muito alto só pra manter a ordem das coisas A dor é muda e a rotina caminha lenta Acumulando concreto em nossos corpos Num gigantesco escombro que chamamos de casa Eu não me esforço pra lembrar Daquele dia em que nos reconhecemos Do amor que eu sinto pelo amor que você sente Por todas as coisas que não sou eu E por todos os ossos Esses anos passaram rápido E eu não pude notar o momento da despedida, pela segunda vez Talvez eu tivesse dito alguma coisa Talvez eu tivesse pedido desculpas Por não ter sido perfeita Mesmo sabendo que nunca estamos satisfeitos E por que é que não estamos satisfeitos? Ou por que é que tentamos não estar simplesmente bem com o que é perfeito? E duvidamos de uma vida lúcida Mesmo que visse pouco, eu te vi naquele bar Num dia em que nada fazia sentido e nem tinha valor Eu vi em você o amor ébrio e talvez alguma pena, Você me levou pra casa e abraçamos uma despedida Como quem dá adeus a um dia único Depois disso encarei o chão entorpecida e com vergonha da verdade Vi a areia suja em nossos pés A noite segue seca E assim como ninguém explicou o início Longe, as ondas continuam a chegar na costa Tudo corre sempre em direção ao fim Os copos continuam a cair E amar o perdido ainda deixa confundido este coração
3.
Insônia 02:59
Talvez um dia eu pudesse dormir cedo Mesmo sabendo que ainda temos medo Eu nunca seria toda sua também Sou feito vidro sujo com você Só por temer Morrer mais uma vez Só por temer Nunca mais te ter Tudo o que aconteceu me fez lembrar De como eu me sentia há muito tempo atrás De quando não me havia lugar no mundo E quando eu vivia a me desculpar por tudo Como um filho bastardo Que ama sempre escondido Porque muito bem sabe Que é não é nada mais que lixo Nos seus olhos e braços E nos seus caprichos Até que então Eu decida Não te ver Até que então Eu desista De você
4.
Chumbinho 02:39
A hora mais leve do dia é aquele minuto depois de acordar quando eu esqueço que você morreu Desde o dia em que você tomou a sua dose de morte pra mim é tudo suicídio (pai) 1 ano depois, eu ainda me pergunto se a minha vida não é só a continuação da sua quem sou eu e qual a parte de você em mim minha mãe ainda teme todos as nossas semelhanças eu ainda grito por dentro e me sufoco mesmo sabendo que nunca vai passar que o suicídio de um pai permanece pra sempre na vida de um filho perdido como eu não importa o que aconteça eu ainda te amo e me odeio (tanto) Não sei, acho que é porque alguém me disse que os suicidas não vão pro céu E depois eu li em algum lugar que quando você bebe demais, fuma demais, vivi demais que isso também é suicídio que é tudo veneno que a gente toma aos goles e se for assim, pai eu me suicido todo dia 4 copos de café 7 copos de cerveja 2 dedos de chumbinho 1 dose de cachaça 3 colheres de açúcar pra uma vida amargurada com 42 anos, não existe café forte com 20, ainda me sobra a insônia de 1/4 de doce 3 tragos de tosse dois dedos de conhaque 1 copo de chumbinho mil goles de veneno e uma garrafa de vinho não tem café forte que cure essa ressaca O Meu gole de veneno diário é o amargo do café puro que me mantém em pé e que me amarela os dentes Eu me suicido todo dia O Meu gole de veneno diário é aquela memória que eu criei do seu reflexo no meu espelho com aquela cara de "porque não?" Eu me suicido todo dia com 7 copos de cerveja 4 copos de café com 2 dedos de chumbinho 1 dose de cachaça todo o cansaço de uma noite mais pó da madrugada com 42 anos, não existe café forte com 20, ainda me sobra a insônia de 1/4 de doce 3 tragos de tosse dois dedos de conhaque 1 copo de chumbinho mil goles de veneno em 4 taças de vinho Mas não se preocupa com isso não, pai agora eu sou muito mais forte e sei muito mais sobre o amor e a morte e mesmo que eu morra todo dia, quase sempre sobrevivo
5.
Há um enorme espaço vazio Entre o que eu sou e o que eu deveria ter sido Um abismo
6.
Nasceu em 92 a neta bastarda dos Mello para que tão cedo quanto pudesse renunciasse a seu sobrenome pediu desculpas aos bons, mas não pôde evitar e cuspiu no prato que comeu sem o mínimo de remorso Nunca aprendeu a respeitar as mãos de um velho que lhe acariciava suavemente o rosto e lhe pedia com sua voz de pelúcia que contasse consigo para tudo e qualquer coisa, mas que fizesse o favor de ficar longe de sua vida Desde pequena ouvia todas essas besteiras que diziam os esotéricos egoísta, egocêntrica e artista era sua profecia nascida no mês de agosto Logo soube quem era e quem é que deveria ser mesmo antes que pudesse pensar mesmo antes que pudesse olhar e ver que o conceito fechado que lhe criaram começava a ser absorvido e então já não sabia qual era a parte que lhe ensinaram a ser e qual era a parte genuína Mas o mais engraçado é que tudo muda e ela também mudava, e então a decepção do imprevisível pois a máquina é sempre programada pra permanecer os mesmo horários, os mesmo empregos, e os mesmos salários as mesmas férias na bahia, o mesmo carnaval e os mesmos fracassos Nada se difere porque nada é especial porque nada é original e tudo é parte da mesma máquina que move a todos sempre no tempo certo, na hora do rush ou que os mantém em casa com os olhos grudados na televisão nos domingo ou na segunda a noite Porque ninguém se difere porque ninguém é especial porque ninguém é original e são todos parte da mesma máquina Quanto mais você luta, mais você se frustra e mais você repele Quanto mais você aceita, mais você se sujeita e mais você destrói Quanto mais você se fecha, mais você se quebra e mais você se fere Quanto mais você chora, mais você implora e mais você corrói É, meu irmão, eu sei, quanto mais você se entende mais você fica perdido E o que a gente vai fazer se quanto mais a gente acha que sabe do mundo mais a gente é destruído É muito simples - você se torna parte da máquina, você se torna parte da máquina, você se torna parte da máquina E o que é que você vai dizer quando te fazem crer que o que eles fazem é tudo feito pra você E o que é que você vai dizer quando te fazem temer os que são tão próximos e que estiveram do seu lado desde a primeira vez E o que é que você vai dizer quando te encontram com a faca na mão e sua mãe sangrando no que era pra ser o seu lugar e você no alto de um prédio pronto pra pular E a máquina continua e a máquina continua
7.
No Futuro 03:53
Um dia eu dormi pra acordar 40 anos depois e no futuro, tudo ia bem o dinheiro, os lugares e as pessoas não eram mais um problema No futuro eu continuava sendo quem eu sempre fui preocupada de que no futuro eu continuasse sendo a mesma pessoa sempre com medo de não sustentar a tragédia de uma vida boa As ruas e os dias andavam rápido me afastando pra cada vez mais longe das minhas memórias e da minha sanidade e eu começava a me perguntar quando seria o fim entendendo depois que o melhor jeito de viver é sabendo que vamos morrer antes da hora de nos despedir No futuro tudo passou e ainda passava nós estávamos cada vez mais parecidos nada tinha seus detalhes originais tudo era profissional e esterilizado nós também: cortados, moldados e digeríveis e nesse mundo uniforme eu reconheci as mãos de um homem que 40 anos antes me dizia sobre os semelhantes um homem fantasma criado pelos meus sonhos que eu projetei por tanto tempo em tanta gente E então me despertou a ideia de que essas coisas já não tinham valor porque tudo se perde tudo, tudo, absolutamente tudo tudo e todo mundo o amor não suporta o seu próprio peso não se suporta por si mesmo, assim como somos nós e eu aceitei o que era certo mas vazio pelo medo da eterna solidão o grande amor de outros, mas nunca o meu E no futuro a minha garganta se torceu ao perceber que talvez eu nunca tenha tentado pela covardia ou o medo da falha Como quando finalmente entendemos a graça de uma piada contada e então ela já não faz sentido porque passou como tudo que passa e se perde tudo, tudo e absolutamente tudo No futuro estávamos mais próximos de deus onipresentes, oniscientes e onipotentes nós e todos os nossos aplicativos, invencíveis próximos de deus e longe dos nossos separados por distâncias enormes e horas no trânsito O futuro tinha as mesmas raízes do presente e tudo o que é importante hoje, sempre será a dor e o amor são os únicos temas, como ensina Vinícius e não existem os grandes artistas, só os pequenos porque o que é que nos tira a fome ou não nos deixa dormir? são sempre as mesmas coisas Não são as guerras dos outros Não são as roupas novas Não é a louça suja e nem os móveis empoeirados Não é a política e nem o futebol Não são os objetos roubados e nem o carro amassado O que nos tira a fome ou não nos deixa dormir são sempre as mesmas coisas a dor e o amor não tem tempo nem lugar no futuro e no passado foi tudo que algum dia me fez mudar porque tudo passa e se tudo perde tudo, tudo, absolutamente tudo tudo, tudo... Não, não, nem tudo
8.
As ruas andam frias, de uma lucidez irrecuperável Há um rato vivendo como vivem os ratos Na rua. Mas ainda é dia sem sol Ao longe. Eu peço um café em uma rua de Belo Horizonte como fazem aqueles como eu esperam pelos seus encontros. Há uma lucidez irrecuperável nessa cidade E eu cheguei há 30 minutos, como fazem aqueles Como eu. Afinal. Ao longe, penso em dizer sim. Viver, afinal, na avenida pra não me perder nas esquinas Já disse que meu tempo, eu vivo num tempo rabiscado. Pago aluguel e me adianto. Me confundo com seus olhos de alguém que desconheço. Caminhas pela cidade, certa Ao longe. Vais pra longe da fumaça do meu café Meus olhos já te perderam, sem nos vermos conhecermos. Sem cheiro e sem suor. Clara anda a cidade. A vida anda tão lúcida. E cabe no lugar. Não cai, nem se culpa. O café queima, combina com o cigarro E meu suor da cidade lúcida. A cidade anda tão lúcida. Fria Fria que está, segue com outro café. Eu peço outro café, mas não nos confundimos. Lembranças escrevo, vinganças de medo. E onde há de estar meu amor meu costume tão dolorido Escrevo lembranças num espelho que lembra amor Lembra subir a cidade lutar viver Mas as ruas andam tão lúcidas A cidade anda fria e lúcida Irrecuperável. E é época de ter um livro. Sim, já é noite. A noite sangra feito um rato na rua. E mostra que as coisas continuam existindo. Na cidade cheia de morros. Lembra que nada disso vive em mim. Porque sonho, eu sonho E viver seria só reescrever as canções Nos bares e na minha cama. Não entendo dessa lucidez Penso em poder te ver. Sem terminar jamais. No terceiro café. Sei que não estás. Não me olhas, nem dizes meu nome. Você morreu. Eu penso no seu calor. Seu suor, seu café fraco feito meu peito. Penso em você. Nos amamos como a melhor ficção. Descobrimos a despedida. Me humilhei pela vida que sonhei. Me humilhei pra viver nossa paixão errada Me humilhei. Sentado na esquina. Fomos novos, amantes. Mas você não está. E eu me lamento de escrever em espelhos. Me humilho, por tanta vingança por ser patético. Porque você não existe em mim. Meu amor. Você morreu sem que eu entendesse Você morreu sem que eu entendesse de morrer. Você se foi feito um livro emprestado que se perde. Porque você não existe em mim. Porque você não existe em mim. Porque você não existe em mim. Porque você não existe em mim. Porque você não existe em mim. Meu amor. Sem você. Fria. Ao longe. De noite, em noite Noite por noite, por lágrima e ressaca. Até de manhã e a dor não vai. Por que amar não existe em mim E ainda te amo. Torto e errado. Meu amor. Há razões pra todos que escutam. Que vivem, afinal.
9.
O Espelho 04:00
Eu fiquei quase aliviada quando entrei na casa e te vi sentada na cozinha carregando o mesmo olhar que eu o mesmo olhar de quem se pergunta o que será essa coisa de que precisamos pra fazer parar de doer e esse é o único assunto você tenta me explicar esse mal que eu também sinto e me aponta o peito pra que veja o meu peito? o seu peito? me confundo falamos das esperança de alguém que nos salve uma pessoa que esperamos num desespero quase calmo uma pessoa na qual não acreditamos de fato E eu queria te ver todos os dias como quando você morava comigo e o mundo passava devagar mas a gente sabe que as coisas não são assim e inventamos outras coisas pra fazer outros caminhos pra seguir porque somos espelhos, iguais e trocadas e então notamos que nos alimentamos uma da outra pro bem ou pro mal Enquanto nos intoxicávamos você tentou me explicar uma série de coisas que eu nunca entendi mas foram tiradas de mim e quando eu dormi, sonhei os seus sonhos roí os dentes e pedi todo o tipo de socorro na língua dos que adormecem Pela manhã eu pensei que você deveria ter sonhado também os meus porque me dizia do peso que sentia nos dentes, o peso do mundo e nos meus dentes ou nos seus dentes eu me confundo mesmo que talvez você não se confunda comigo porque você é o meu espelho e eu te reflito não podemos carregar uma a outra mas podemos nos ver de vez em quando e sentir isso que talvez seja cumplicidade e, minha amiga, você foi pro mundo e hoje eu me preocupo com você porque não posso te ver nem se quer pra saber que ainda aguentamos, não tão firmes mas ainda fortes Eu sonho com o dia de um reencontro em que você vai estar bem e leve como se quando você estivesse assim por algum tipo de magia eu também ficaria e a nossa esperança estaria restaurada e nós poderíamos passar sem pensar sobre o que é viver sem pensar sobre o que é morrer sem pensar lembro de você sempre e sei que você vai escutar essa música que fala de nós mas é também um recado que te mando em qualquer lugar seja la o estado um recado que diz que vamos ficar bem e que eu te amo mesmo sem saber hoje o tamanho e me limpo o ranho do choro que derramo mesmo sem saber
10.
Noites Doces 02:41
Eu sei que a gente vive falando mal da vida reclamando de tudo e de todo mundo mas a verdade é que a gente não vai nada mal Pode parecer mentira eu falar uma coisa dessas em tempos de tanta perda, mas é verdade porque apesar de ter dito antes que a minha casa ta em mim eu sei também que a casa da gente tá onde os nossos amigos tão, né? Quando eu cheguei aqui eu não entendia ninguém e odiava sentar numa mesa de bar Mas hoje eu posso passar metade de um dia indo de bar em bar com vocês só olhando pras mesmas caras e rindo das mesmas piadas e isso me faz feliz ou então quando a gente vai no karaokê cantar aquelas musicas ruins e conversamos no meio daquela gritaria sobre as coisas mais irrelevantes ou falando as coisas sérias meio que rindo As vezes a gente faz aquelas festas lá em casa e a síndica fica doida porque vocês nunca se cansam, nunca se cansam É bom também quando dá pra viajar e ver a outra parte de vocês e eu me lembro de um outro pedaço de mim tentando sempre alcançar o presente a gente vai na praia pra saber que tá tudo igual ainda e talvez sempre vá estar Até que a gente percebe que se conhece bem demais mesmo nesse superfície opaca que criamos e então alguém apoia as mãos nos meus ombros e isso é tudo e então alguém me bate na cara preu acordar e isso é tudo ou me chuta a bunda, ou me zoa dizendo "Paola agora é música" e também me carrega pelas escadas falando que eu só preciso de um banho E então algumas noite, nós ficamos tão doces por meia hora sem respirar e bebendo só fumaça vendo os desenhos bonitos dos azulejos gritando e estendendo as mãos pelas ruas e as grades girando em espiral e não conseguimos sair do apartamento por causa da água empoçada Evitando os cantos das boates essas luzes estão tão brancas, né? e todos os gestos exagerados o desconforto de estar no meu corpo todas as músicas são boas mas algumas, desconfortáveis o toque de pele com pele, veludo quente as viagens de ônibus a 200km por hora todos os personagens de um livro em mim a leveza insustentável de ser a dificuldade de respirar diante de todas essas cores que eu nunca vi antes todas as voltas que damos pra explicar que isso me faz sentir bem e que talvez todo o resumo seja só que eu amo vocês mesmo perdida nessa confusão que só existe diante dos meus olhos
11.
"Erê ara Eu sou filho de Iêmanjá Ara rere Eu sou filho de oxalá" 6 é o número do Diabo 90 a década perdida 3 anos de distância Ainda sinto o cheiro do suor de vocês o brilho fosco nas minhas lembranças do fruto de ouro que só tem cheiro de peixe no centro que só tem calor na hora de partir Ainda sinto a melancolia do sal e da sujeira Os Quilômetros ásperos e salgados com os olhos ardendo que só tem a saliva de meus amigos que só tem falta e a calçada quebrada Derreto e escorre em lágrima Não dá pra tirar o choro do mar nem se nota o grito debaixo d’água Os olhos fechados evitam o reflexo Os cortes abertos pelas ostras A febre noturna de um dia de sol O sono da tristeza A chuva grossa para o alívio de uma madrugada fresca Na Bahia de minha memória Iemanjá deixou voltar a dor nas ondas do mar Mas o amor profundo Eu mesma escondo No minha garganta seca Mas o amor profundo Eu mesma escondo No meu caminhar lento Ô Bahia Bahia que não me sai do pensamento Bahia que hoje canta o meu lamento Pensando só na saudade que eu sinto da minha cidade

about

geracaoperdida.bandcamp.com

Esse disco é dedicado à minha mãe e a meus amigos, especialmente ao Vitinho, sem o qual esse disco não existiria, ao Marcelo e o Jonathan e à Geração Perdida e seus entusiastas.

credits

released April 21, 2014

Gravado, produzido, mixado e masterizado por Vitor Brauer no estúdio caseiro da Geração Perdida de Minas Gerais.

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Paola Rodrigues Brazil

Paola Rodrigues é tatuadora, artista visual, videomaker, compositora e membra do coletivo/movimento Geração Perdida de Minas Gerais

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